quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Meditações para o Dia dos Fiéis Defuntos: a morte caminho para encontrar o Senhor


Trazemos neste dia da Comemoração dos Fiéis Defuntos a reflexão de Dom Henrique, bispo auxiliar de Aracaju.




No nosso caminho de cristãos, vamos morrendo e caminhando para o encontro com Cristo. Para nós, com efeito, a morte tem também este aspecto belíssimo: é um encontro com o Senhor: “Ficai preparados, porque, numa hora que não pensais, o Filho do homem virá (Lc 12,40); Sim, Jesus virá: ele é aquele que vem ao nosso encontro (cf. Mt 11,2): “Vou e retorno a vós” (Jo 14,18.28).



Ele vem vindo sempre na nossa existência: veio no Batismo, quando entramos em comunhão com sua morte e ressurreição, vem sobretudo na Eucaristia, quando mergulhamos na sua Páscoa e já experimentamos o gosto da comunhão com ele, vem a cada dia para nos fazer passar da “carne” (pecado) ao “espírito” (vida no Espírito Santo). Finalmente, ele virá na passagem definitiva, no momento do encontro final. Por isso mesmo Paulo exclamava: “O meu desejo é partir para estar com Cristo” (Fl 1,23). Assim, morrer é ir ao encontro do Salvador que vem, quem irrompe com sua Glória na minha pobre existência; morrer é ser surpreendido por Cristo, é ser invadido pela sua Vida divina e plena. Santa Teresinha dizia com sabedoria: “Não é a morte que virá me buscar, é Deus!”

Pois bem: eis a conclusão maravilhosa: não morreremos sozinhos; morreremos como Cristo e com Cristo; mais ainda: morreremos em Cristo. Podemos recordar aqui, para o momento da morte, a palavra de Jesus: “Nesse dia sabereis que... estais em mim e eu em vós!” (Jo 14,20).
Mas, não é só! Cristo não vem sozinho ao nosso encontro! Ele é o primogênito dentre os mortos, é a Cabeça da Igreja. Tendo sido batizados, morremos como membros do seu corpo, que é a Igreja e morremos no seu corpo. Assim, não morremos sozinhos: morremos na comunidade dos santificados, dos batizados! A morte será o passar da Igreja terrestre para a Igreja da Glória.

É interessante que se apresenta muitas vezes a morte como um mistério de escuridão, solidão e medo! Nada disso! Para o cristão, ela é primeiramente mistério de comunhão com Cristo: “Ainda que eu passe pelo vale da morte, nenhum mal eu temerei: tu estás comigo; teu bordão e teu cajado me dão segurança!” (Sl 22). Mas é também mistério de comunhão com os irmãos que ficam. Pensemos no belíssimo dom que são a Unção dos Enfermos e o Viático. Pela Unção, a Igreja toda coloca-se ao nosso lado, reza por nós, implora o perdão dos pecados e nos unge com o óleo que simboliza a força do Espírito que cura e perdoa.

Sim, a Igreja ora conosco e por nós! E o viático, o alimento dos que viajam? Nele, recebemos pela última vez a Eucaristia, Corpo do Senhor ressuscitado, que está na Glória: “Pai, aqueles que me deste quero que onde eu estou, também eles estejam comigo, para que contemplem a minha Glória” (Jo 17,24). O sacerdote, ao nos dar o Viático, diz: “O Corpo de Cristo!” e acrescenta: “Que ele te guarde para a vida eterna!” Eis o sentido de morrer com Cristo e com os irmãos! Assim, passaremos do Corpo de Cristo, que é a Igreja da terra, para o Corpo de Cristo, que é a Igreja celeste! Nada de solidão, de medo, de escuridão!

Se nós compreendermos bem o sentido cristão da morte, já não vamos temê-la como algo absurdo e apavorante. É necessário, portanto, cristianizar a morte! Que graça saber morrer em Cristo. Que graça poder morrer calmamente, preparando-se para o encontro, tendo nas mãos a vela, que simboliza a fé do nosso Batismo e, como o atleta que corre até ao fim da corrida, poder dizer: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. Desde já me está reservada a coroa da justiça, que me dará o Senhor, justo juiz, naquele Dia; e não somente a mim, mas todos os que tiverem esperado com amor a sua Aparição” (2Tm 4,6ss).




Fonte:
http://costa_hs.blog.uol.com.br/

Fraternalmente,
S.D.M.Z

Um comentário:

  1. Esse artigo me fez recordar uma afirmação do Ratzinger no livro 'Introdução ao Cristianismo'," O amor requer infinidade". Parece que podemos constatar isso em nossas relações.E se Deus nos ama incondicionalmente, então não é tao difícil crer na ressurreição, e descomplica mais ainda, quando olhamos para a vida de Jesus, "Eu vi o Senhor!",disse uma testemunha da ressurreição.
    (Fausto Borges)

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