quarta-feira, 25 de setembro de 2013

ESPIRITUALIDADE VICENTINA: UM ENCONTRO COM CRISTO NOS POBRES


A espiritualidade vicentina é essencialmente missionária, pois coloca os que a vivem numa atitude de encontro com o outro através das ações variadas que realizam. Esta proposta espiritual tem características bem peculiares à espiritualidade cristã, e não poderia ser diferente, pois tem como centro o próprio Cristo. São Vicente, no seu tempo, soube traduzir o Evangelho e os ensinamentos de Jesus Cristo em atos concretos, que possibilitaram uma maior compreensão daquilo que, de fato, é a espiritualidade cristã em sua essência. Este Santo vai além de toda a estrutura governamental e social da época, onde os mais desprovidos de cultura, bens materiais e espirituais são tratados como animais selvagens, como se não fossem filhos de Deus. O mérito de Vicente está em ver o próprio Cristo nessas pessoas, o Filho de Deus encarnado no pobre que sofre e padece por não ser respeitado e valorizado como criatura de Deus.  “Senhor Vicente” como era conhecido, soube valorizá-los ao ponto de afirmar o seguinte: “os pobres são nossos mestres e Senhores”.

Esta espiritualidade é uma das mais fecundas da Igreja, pois conta com vários grupos que vivem conforme tal proposta espiritual de maneira a formar a família vicentina que abrange mais ou menos duzentos e trinta e cinco ramos entre congregações religiosas masculinas e femininas, grupos de leigos e grupos de jovens. É importante perceber que é uma espiritualidade viva, atual e necessária em nosso tempo tendo, em vista às necessidades do mundo pós-moderno. A pobreza de hoje não é a mesmo de quatro séculos atrás, mas está presente de outras maneiras, pois muda de face e vai se multiplicando, é como se fosse um vírus incurável que se multiplica e vai ficando cada vez mais invulnerável, tornando, assim, vulnerável aquele que é atingido, através de uma estrutura desumana, que visa descaracterizar a criação de Deus prevalecendo assim, o ter e não o ser. 

Dessa forma, o trabalho dos vicentinos será sempre atual, pois não importam as formas de pobreza, sempre existirá alguém para ser amado, valorizado e reerguido, é o próprio Cristo que coloca a pessoa frente a esta missão perene quando diz: “pobres sempre os tereis convosco” (Mt 26,11). O vicentino está a serviço deles. Não os julga: põe-se a sua disposição. (Regra, 1997 p.32). 

O principal fundamento da espiritualidade vicentina é o próprio Cristo, pois é seguindo o exemplo de Jesus que o vicentino vai ao encontro do pobre para libertá-lo, fazê-lo enxergar e, acima de tudo, ter mais autonomia no que diz respeito à sua vida. Essa é a missão do filho de Deus segundo o evangelho de São Lucas (Lc 6, 20-24). Pois Ele veio para promover os pobres reerguê-los e torná-los protagonistas de suas próprias vidas. Dessa forma, podemos dizer que a espiritualidade vicentina age com forme os ensinamentos de Jesus, pois são suas ações que estão sendo atualizadas, vivenciadas, no decorrer dos tempos. É o Espírito do Ressuscitado que impulsiona, revigora e dá sentido a esta espiritualidade que vai ao encontro do Cristo crucificado, sofredor na pessoa do pobre.


Pe. José Erimatéia de Oliveira
Diocese de Juazeiro/BA

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